Gilmar Mendes defende foro privilegiado mesmo após saída do cargo

Por Giro das Cidades em 29/03/2024 às 12:18:05

Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) votou para ampliar a regra do foro privilegiado de autoridades. O ministro propôs que, quando se tratar de crimes funcionais, o foro deve ser mantido mesmo após a saída das funções. Isso valeria para casos de renúncia, não reeleição, cassação, entre outros motivos.

Mendes também defende que, no fim do mandato, o investigado deve perder o foro se os crimes foram praticados antes de assumir o cargo ou não possuírem relação com o exercício da função.

A decisão pode afetar, por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que alega que o caso da possível adulteração do cartão de vacina não deveria estar no Supremo. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) também defende que, ao perseguir armada um homem pelas ruas de São Paulo, em 2022, não estaria possivelmente cometendo um crime atrelado a seu cargo.

Mendes também defende que, no fim do mandato, o investigado deve perder o foro se os crimes foram praticados antes de assumir o cargo ou não possuírem relação com o exercício da função.

Gilmar é o relator do caso no Supremo e apresentou seu voto em plenĂĄrio virtual nesta sexta-feira (29). Esse formato de julgamento ocorre sem necessidade de votação presencial, com os ministros depositando seus votos no sistema eletrônico. A data prevista para o fim desse julgamento é 8 de abril, mas a anĂĄlise pode ser interrompida por um pedido de vista ou de destaque, levando a discussão para o debate presencial.

A corte analisa um habeas corpus movido pela defesa do senador Zequinha Marinho, do Podemos do ParĂĄ. Marinho é réu em uma ação penal na Justiça Federal do Distrito Federal por supostamente, enquanto foi deputado federal, ter ordenado que servidores de seu gabinete devolvessem 5% de seus salĂĄrios para o PSC, então seu partido.

Marinho é réu no processo pelo crime de concussão, e seus advogados pediram ao STF que o caso seja julgado pela Corte, jĂĄ que, desde 2007, Zequinha Marinho exerceu cargos com foro privilegiado: deputado federal (2007-2015), vice-governador (2015-2018) e senador (2019-2027).

Gilmar sustenta que "poucos temas despertam tantas paixões quanto a instituição de foros especiais para titulares de cargos públicos".

E escreve: "Estou convencido de que a competĂȘncia dos Tribunais para julgamento de crimes funcionais prevalece mesmo após a cessação das funções públicas, por qualquer causa (renúncia, não reeleição, cassação etc.)".

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