FBI planta celulares 'criptografados' em quadrilhas e mais de 800 são presos em investigação mundial

Telefones foram vendidos ao crime organizado durante 3 anos e resultou na operação 'Escudo de Troia', que apreendeu toneladas de drogas e milhões em dinheiro e criptomoedas,...

Por Giro das Cidades em 08/06/2021 às 19:43:27

Telefones foram vendidos ao crime organizado durante 3 anos e resultou na operação 'Escudo de Troia', que apreendeu toneladas de drogas e milhões em dinheiro e criptomoedas, além de armas. Foto sem data fornecida pela polícia da Nova Zelândia mostra uma caixa com grande quantidade de dinheiro apreendida na operação "Escudo de Troia"

Polícia da Nova Zelândia via AP

Uma investigação mundial em que telefones "criptografados" foram vendidos ao crime organizado resultou em uma operação com mais de 800 prisões e a apreensão milhões de dólares, toneladas de drogas, centenas de armas e dezenas de carros de luxo, disseram autoridades nesta terça-feira (8).

A operação "Trojan Shield" ("Escudo de Troia", em tradução livre) foi concebida em 2018 pela polícia australiana e pelo FBI, a Polícia Federal americana. Os celulares foram "plantados" durante três anos e podiam ser monitorados.

O FBI ajudou a infiltrar 12 mil aparelhos em 300 grupos criminosos em mais de 100 países, afirmou Calvin Shivers, da Divisão de Investigação Criminal da Polícia Federal americana, a repórteres em Haia.

Quase 20 milhões de mensagens foram interceptadas.

A agente especial do FBI, Suzanne Turner, durante coletiva de imprensa sobre a operação "Escudo de Troia" nesta terça (8)

Mike Blake/Reuters

A operação envolveu também a polícia europeia e resultou em prisões na Austrália, na Ásia, na Europa, na América do Sul e no Oriente Médio de envolvidos no tráfico internacional de drogas.

Foram apreendidos US$ 148 milhões em dinheiro e criptomoedas (cerca de R$ 750 milhões) e 32 toneladas de drogas (incluindo mais de oito toneladas de cocaína e também maconha, anfetaminas e metanfetaminas) em todo o mundo, além de 250 armas de fogo e 55 carros de luxo.

Não há informações sobre a participação do Brasil na operação até o momento.

Foto sem data fornecida pela polícia da Nova Zelândia mostra maconha apreendida na operação "Escudo de Troia"

Polícia da Nova Zelândia via AP

A polícia no bolso

A "Trojan Shield" começou quando autoridades americanas pagaram a um traficante de drogas condenado para dar-lhes acesso a um smartphone e instalou o "ANOM", um aplicativo de mensagens criptografadas.

Telefones "criptografados" passaram então a ser vendidos para redes de crime organizado, por meio de distribuidores no submundo do crime, por US$ 2 mil cada um (mais de R$ 10 mil).

Os celulares não tinham e-mail nem serviço de ligação ou GPS e era necessário enviaram um código por outro usuário do ANOM para que o dispositivo funcionasse. O serviço de mensagens "seguro" era escondido em um aplicativo de calculadora.

"Os aparelhos circulavam organicamente e se tornaram populares entre os criminosos, que confiavam na legitimidade do aplicativo porque figuras reconhecidas do crime organizado os defendiam", afirmou a polícia da Austrália em um comunicado.

A descoberta

A infiltração acabou em março deste ano, quando o usuário "canyouguess67" apontou no WordPress que o ANOM era uma "farsa" e que um dispositivo que havia testado estava "em contato permanente" com os servidores do Google e transmitia dados para outros não seguros na Austrália e nos EUA.

"É preocupante ver uma série de endereços IP vinculados a muitas corporações dentro da Five Eyes"", dizia a publicação antes de ser removida. Five Eyes ("Cinco Olhos") é o nome da aliança de inteligência entre Austrália, EUA, Canadá, Reino Unido e Nova Zelândia.

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Fonte: G1

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